23/04/2007

Nunca espere tanto dos outros

A amizade nobre da bondade. Uma pessoa sacrifica o seu tempo para ajudar a outra pessoa, e vice-versa; para que elas juntas possam criar algo belo e durável. Todas as amizades saudáveis são baseadas no estado da bondade; entretanto, pouquíssimos relacionamentos hoje conseguem manter essa qualidade. A noção moderna de "amizade" pertence a primeira categoria de amizade de Aristóteles, uma vez que hoje as pessoas falham em sair de seus próprios egos e conhecer pensamentos e idéias de outras pessoas. As pessoas hoje estão inclinadas a se importar apenas consigo mesmas e seu conforto pessoal, por isso o por que da maioria dos relacionamentos - amizades com também relacionamentos sérios como casamentos - geralmente resultam numa separaçào dura onde os dois indivíduos envolvidos tem usado um ao outro para seus próprios motivos egoístas. Suas almas são solitárias e fora de foco em algo que os dá sentido na vida, e então eles partem numa caçada por alguém desse tipo e eles acham aos montes. Eles conversam sobre jogos de computador, filmes, mídia de massa, música pop e outras formas de "entretenimento" moderno, o que é uma má desculpa para não engajar-se ativamente na vida real. Suas experiências partilhadas consistirão de visitas à clubes e boates, festas com indivíduos igualmente quebrados escondendo-se atrás de um sorriso falso e outros lugares de encontro para as almas perdidas residirem e "divertirem-se".

Entretanto, mais cedo ou mais tarde, essas "amizades" - como qualquer outra coisa nesse mundo - chegará a um ponto onde elas se tornam auto-refletivas. Talvez uma mentira contada seja publicamente conhecida, talvez o último copo de álcool irá empurrar qualquer um deles para além da linha e forçar a verdade se tornar explícita - ou durante um evento onde partilharam confiança irá colocar uma linha, seus motivos verdadeiros se tornam aparentes e ambos correm caminhos diferentes para salvar a sua própria imagem. É por isso que a maioria das pessoas vazias geralmente parecem ter um enorme círculo de amigos - eles os colecionam como brinquedos de vidro e os usam para esconder o fato de que suas inseguranças e fracassos são óbvios quando o seu caráter e a sua falta de confiança são colocadas em teste. É por isso também que as pessoas no tempo moderno nunca antes tiveram tantas pessoas para se socializar; é um estilo de vida e sem isso elas são nada. Como esconder uma bomba de tic-tac entre pilhas de abacaxi numa loja de frutas, eles tem algo a esconder e eles querem ter a certeza de que a imagem de ter "amigos" em quantidade irá impressionar a mesma imagem que pode ser criada dentro de você.

Pessoas de maior nobreza percebem que a real razão para se formar uma amizade não é por que separados enquanto indivíduos nós somos fracos, mas por que nós enquanto indivíduos trabalhando juntos somos mais fortes. Em outras palavras, se você procura acompanhar um outro ser humano por causa de sua própria insegurança e falta de auto-confiança, você não entendeu o que significa amizade e o que ela pode te oferecer. Você deve ser confiante no que pode fazer, no que você pode dar e em como você pode ajudar a outra pessoa - e a si mesmo - para conseguir algo além do estado em que você está posicionado agora. Bem como em qualquer outra coisa na vida, existem desapontamentos e ilusões a frente na estrada do futuro, prontos para nos enganar em sua possessão. Primeiramente, você irá aprender a diferenciar amigos verdadeiros, de amigos falsos. Um exemplo de falso amigo, é aquele que irá te deixar perplexo na primeira conversa sobre suas idéias e acordando num mundo onde a maioria das pessoas foi dormir para esquecer a beleza e maravilha que as espera fora da janela de suas mentes fechadas. Esse amigo irá fervorosamente juntar-se a você e fazê-lo acreditar que você achou a última pessoa na Terra que vê o mundo moderno como um lugar insano a se viver. Entretanto, quanto mais tempo sério você passa com essa pessoa, mais ela/ele te desaponta. Como com todas as mentiras estudadas, não se tornarão aparentes imediatamente, mas irão afundar gradualmente ao nível atual que está vivendo. Vários falsos amigos escondem-se por trás de idéias que consistem-se da imagem comum, e estão, num segundo pensamento, não muito longe do resto dos idiotas insuspeitos que habitam nessa terra.

Amigos verdadeiros, entretanto, geralmente impressionam você de uma forma diferente. Primeiramente eles irão parecer muito normais, não interessantes, mas sem nada especial também. Sua amizade e vontade de ajudar o fará gastar mais tempo com você uma vez que isso te agrada. E quanto mais tempo gasto, mais você sentirá que essa pessoa é alguém confiável. Veja isso como uma obra-prima da música; a melhor música nunca agarra a sua alma na primeira ouvida, mas lentamente e continuamente trabalha a si mesma na sua mente, até que você depois de várias vezes ouvindo pode exclamar com admiração: "Esse trabalho que agora seguro na minha mão nua, é o top absoluto da música nobre. Sim, eu celebro isso por ser o melhor pedaço de arte que eu já ouvi na vida". Tal como geralmente é o desenvolvimento de uma amizade verdadeira; uma flor que cresce vagarosamente que finalmente revela as suas cores de vermelho, azul e verde. Quando você conhece alguém que você sente que é uma parte impotante da sua vida, então a sua responsabilidade muda de criador para nutriente e desenvolvedor. De novo, como uma flor, uma amizade entre dois indivíduos irá decair e acabar, se ambas partes envolvidas não se darem água o suficiente e nutrientes para sobreviver. Várias vezes um presente simples é altamente apreciado por um amigo; algo que apenas um outro amigo saberá que é apreciado.

Isso aponta um interesse especial, um segredo, que apenas um amigo acharia valioso para um outro amigo. Entretanto, nunca exagere na troca de presentes, uma vez que isso facilmente leva ao materialismo e entretanto a amizade pode estagnar e ao invés disso tornar-se uma desculpa por não começar nada mais significante e doável. Outra parte importante de nutrir uma amizade é se ver geralmente, mas não muito geralmente também ("o bastante é tão bom quanto um banquete"). Se dois amigos raramente se encontram, eles rapidamente ganham novas experiências e novos amigos, que irão interferir com o velho e causar confusão e às vezes irritação quando esses dois se reencontrarem de novo depois de um longo tempo. Amizades assim tendem a acabar. O mesmo acontece com o oposto; várias pessoas cometem o erro de ver seus amigos muito frequentemente, o que mais cedo ou mais tarde irá tirar a mágica da amizade e torná-la em algo comum e previsível. Pode também criar frustrações e irritações de uma parte, como ter um amigo por perto muito frequentemente pode parecer intrusivo e trabalhoso. Essas coisas mudam dependendo do caráter, que faz ser inútil generalizar o curso de qualquer amizade. Pode entretanto ser mais fácil informar sobre o que alguém não deveria fazer como bom amigo. Nunca conte vantagem sobre algo ou alguém. Similar ao pessimismo expressado por pensadores como Nietzsche, sempre tenha em mente as más coisas que podem vir a acontecer, para que você fique consciente delas caso elas aconteçam. Dessa forma, você irá se prevenir de muita dor e desapontamento quando chegar a hora de um amigo que você pensou ser honesto, revelar as verdadeiras cores que você nunca pensou que existíssem. O mesmo acontece com a falsa amizade; nunca vale a pena, mesmo que isso signifique que você terá de permanecer sozinho. Falsos amigos irão mais cedo ou mais tarde ser colocados em testes, e se o fizerem durante um momento crítico, o resultado pode terminar num desastre total.

A única forma de distinguir a verdadeira confiança e os indivíduos saudáveis dos parasíticos e fracassados, é gastar tempo de qualidade, colocá-los em testes diferentes através da vida, e nunca baixar o seu nível do que uma amizade nutriente e agradável é pra você. Não ceda a formas sutis de "se divertir" e "conhecer gente legal", uma vez que isso em si mesmo é uma distração para os perdedores que adorariam ver um outro idiota participando do seu fã clube em adoração ao seu próprio estado patético de passividade e solidão. Seu objetivo é transpirar acerca do ótimo, seu método é analisar e escolher aquele que vai ao encontro das suas demandas, sua arma é a sua força, confiança e crença em si mesmo. Por que ultimamente, isso é o que uma amizade de honestidade e nobreza realmente necessita; confiança um no outro enquanto indivíduos e uma vontade de olhar além dos defeitos de cada indivíduo, para assim trabalhar junto e partilhar a experiência da vida. Duas almas conectadas que valorizam sua variação em habilidade - força e fraqueza - para criar algo durável e belo para eles mesmos e para o resto da humanidade guardar. Não quero citar nomes mas são poucas as pessoas que passaram pela minha vida e que doaram um pouco de sua amizade, seu carinho e companheirismo. Alguns já partiram e outros que, ainda que veja com menor freqüência são muito importantes para mim, apesar de lutar pra tentar manter essa idéia firme. Muitas pessoas já passaram pela minha vida e foram muitos os momentos de alegrias que vivemos juntos. Eu acredito que existam amigos que estão apenas de passagem, eles entram em nossas vidas como anjos ou porque não demônios? Com uma missão a cumprir. Eles vem para nos ensinar algo e nos ajudar, ou nos iludir com suas palavras de falsas promessas, nos fazer sofrer, fazer com que nos tornemos dependentes deles até que ou nos erguem ou nos fazem cair de vez.

Isto faz a gente perceber que, embora uma amizade tenha sido passageira, ela pode ser boa e ruim em todos os seus momentos. A gente percebe também, que ela durou tempo o suficiente para que esta pessoa nos marque de tal forma que seja impossível esquecê-la, nos marca negativa ou positiva. Cada pessoa que entrou em minha vida me ensinou algo. Alguns me ensinaram o valor de uma verdadeira amizade, que os problemas só são realmente problemas quando damos muita importância a eles. Outros ensinaram-me a importância de demonstrar o que se sente, de dizer te amo, de dizer te odeio. Me ensinaram o amor, dor, a alegria e o menosprezo. Alguns simplesmente mostraram que jamais deveriam ser amigos de alguém, ou entrado em minha vida. As pessoas esperam muitas coisas de nós, mas esperamos muito mais delas, e no final, ninguém sai satisfeito e existe um só perdedor de forma injusta. O que seria justo? Aceitar tudo calado? Ver e abaixar a cabeça? Confiança hoje em dia é como um tiro no escuro, você nunca sabe aonde ele atingiu e se irá sangrar a qualquer momento, ter amigos se tornou banalizado assim como o amor. Cada um acredita de uma maneira, o fato de dizer por si que tem um amigo não quer dizer nada, é preciso demonstrar. Confiar em alguém pra mim é algo difícil porque no final as pessoas sempre te decepcionam e você sai daquilo tudo com uma enorme sombra nas costas, imaginando que outros podem fazer o mesmo.

Ninguém está livre de erros, quem promete segurar na sua mão um dia irá soltá-la com toda certeza, até aqueles mais corretos são capazes disso, mas aprenda como eu aprendi: Desespero de nada vale, aliás palavras na internet causam impacto mas nem sempre. A palavra dentro da internet apenas se restringe ao MSN e não possui força alguma, nem mesmo com seus amigos ou seja com quem for. É pode ser radicalismo demais, só que tudo isso cansa, as pessoas me cansam, aprendi uma coisa, quando tiver um problema o melhor a fazer é guardar com você. Se te perguntam como você está, diga que está bem, jamais revele que está com um problema, sabe porque? Ninguém pode te ajudar a não ser você mesmo. No fim quando você diz o que está passando te chamam de repetitivo, que é sempre a mesma coisa e acaba passando uma idéia negativa de si mesmo. O melhor a fazer é guardar e tentar solucionar, afinal de contas não há outra maneira, estamos em uma luta costante, ninguém pode ajudar. Só estragamos o dia de alguém contando nossos problemas ou passando um ar pesado de nós mesmos. A alguns anos eu não teria essa mesma idéia, mas somos obrigados a conviver com isso de qualquer jeito, se os outros mudam isso acaba nos deixando diferentes do que éramos. A escuridão que nos habita fazendo com que o vazio da nossa alma nunca consiga ser preenchido a não ser por ela própria, faz com que a luz fosse algo distante a ser alcançado, e aquela escuridão é o único lugar na face da terra que lhe trás paz e tranquilidade. Parece até a morte, só parece mas não é, o extremo de se querer isso só chega quando estamos no limite, alguns vão ao fim e acabam consigo mesmos mas outros vão e voltam devido a covardia de ir ao fim. Por um momento todo o esqueçimento me devora. Acho que não sou a ilha que da fantasia que todos imaginavam e nem eles a minha. E era injusto todo aquele inferno que aconteceu, mas sou um sobrevivemente e mesmo caindo levanto e sigo meu caminho, só não sei até quando vou ter essa força pra continuar e quantos outros tombos vou aguentar, mas até onde minhas forças deixarem continuarei. A verdade é nua e crua: Quando as pessoas ditas ''infelizes'' tornam-se felizes, capazes de amar e de muitos amigos, o resto acaba sendo resto mesmo, o egoísmo aparece e o dito esqueçimento é muito comum. O ser humano é muito sujo e totalmente descartável, sempre se apunhalando pelas costas um do outro ou dizendo que um erra mais que o outro. Um dia a vida mostra o verdadeiro sentido da missão que cada um traz consigo e nesse momento tudo é diferente. Nada do que passou importará, porque já deixou de ser a muito tempo.

18/04/2007

Mudanças

Mudança: esta é uma palavra que provoca à maioria das pessoas um sentimento de aversão e desconforto imediatos, antes mesmo de saberem se é uma mudança boa, má ou mesmo irrelevante.

Tudo em nossas vidas está sujeito à mudança: o amor, o trabalho, a saúde, a liberdade, a paz, a sanidade mental, a própria vida. Na realidade, todos nós gostamos de imaginar a nossa vida como algo de estável, algo que nos ajude a "esquecer" a "vulnerabilidade e consequente mortalidade" inerentes à nossa condição de seres humanos. Ninguém gosta de pensar que a nossa vida possa mudar totalmente de um dia para o outro de forma completamente imprevisível (ou pelo menos pouco previsível) destruindo muito do que amamos ou a que, pelo menos, estamos habituados... Quase ninguém gosta de pensar que, para se morrer, a única condição necessária e suficiente é estar-se vivo.

Paradoxalmente, tudo o que existe no mundo está em constante movimento e em constante mudança (o próprio movimento levaria por si só à mudança). Mesmo o interior da matéria e o Cosmos (o infinitamente grande e o infinitamente pequeno) estão em constante movimento e em constante mudança, provocados pela contradição latente em tudo no Universo: cada coisa (mesmo a mais simples) resulta sempre de um equilíbrio instável de duas naturezas opostas (simplificando poder-se-ia dizer que essas naturezas são o Yin e o Yang, mas o problema é mais complicado que isso...) mas que no fundo são a mesma coisa (ex: a nossa componente evoluída e a nossa componente primitiva). O Universo é dual (embora, quase parece ridículo afirmar isto, ele seja também Uno... isto ilustra as duas naturezas de tudo o que existe, até a natureza do próprio Universo no seu todo). É pois desta contradição latente em tudo que se nutre o movimento, o eterno devir, e tudo o que existe é resultado dele (da mudança). O homem, enquanto parte integrante do Universo, não pode fugir a esta regra fundamental. Tudo o que conhecemos começa a desaparecer a cada dia que passa, a própria cidade onde vivo já não é a que eu conheci quando era adolescente.

No entanto, cada mudança - qualquer que ela seja - embora traga em si novos perigos e desafios, encerra sempre também novas oportunidades. Talvez encerre em si até a chave do nosso sucesso futuro, ou até da nossa sobrevivência. Na realidade, o nosso crescimento interior depende totalmente dela. Não foi um cataclismo à escala planetária (destruição maciça provocada pela queda de um meteoro gigantesco) que acabou com a era dos dinossauros e abriu a via a era dos mamíferos, pelo que permitiu o aparecimento do ser humano? Não irá outro cataclismo das mesmas proporções (que acontecerá mais tarde ou mais cedo, numa escala de tempo geológica) ter também consequências benéficas? A mudança é inevitável. Como é dito numa citação: "Nada perdura a não ser a mudança''. Não temos portanto grande escolha: ou nos adaptamos ou pagamos o preço (alto) da nossa inadaptação. É óbvio que há sempre um risco a cada mudança. A nossa adaptação pode não vir a ser a melhor, algo pode ruim pode ocorrer, pode nos escapar qualquer coisa, mas, se não fizermos nada para nos adaptarmos à mudança o risco é ainda maior. A mudança traz sempre implícita em si duas coisas: um perigo e uma oportunidade, seja ela a oportunidade para crescermos, para amarmos, para nos realizarmos ou até para ganharmos dinheiro. O maior perigo na vida é nunca estarmos preparados para correr riscos e colher as oportunidades que deles surgem.

Para sermos capazes de aprender com a mudança e a aproveitarmos em nosso benefício, temos que ser capazes de encará-la como uma coisa importantíssima, natural e vital na nossa vida, deixando de lado a velha atitude de medo e de rejeição que só serve para deixarmos cair os braços aceitando como uma derrota algo que poderia tornar-se num sucesso ou pelo menos numa lição de vida. Afinal, esconder a cabeça como dizem que a avestruz faz, não resolve nada. A mudança é muitas vezes inevitável mas pode quase sempre ser controlada, sempre e quando não nos recusemos a compreendê-la nem nos refugiemos em atitudes derrotistas. Algumas mudanças são agradáveis mas, mesmo aquela mudança que provoca um autêntico drama na nossa vida, pode ensinar-nos qualquer coisa desde que sejamos capazes de extrair as conclusões corretas e de as incorporarmos à nossa vida, tornando-nos assim mais fortes, mais preparados e melhores, aumentando as nossas hipóteses de sucesso (por vezes mesmo de sobrevivência). Ainda que a dor dela perdure por semanas, meses ou anos até que finalmente se caia no esqueçimento total. Mas até lá é uma grande batalha interna dentro de nós, se vamos sobreviver ou não, tudo depende de nós mesmos. Há uma frase que li que é assim: '' Só você é você se você não tiver ninguém. É você, só você, quem deve importar''. Faz todo sentido não? Afinal de contas vivemos sozinhos e morremos com as esolhas que fazemos. Também aqui conta muito a atitude de cada um em relação à vida: Há sempre gente para quem a sorte dá um meio sorriso e outros para quem a mesma sorte sorri até demais. A forma "otimista" que certas pessoas têm de encarar a vida faz milagres também na sua adaptação à mudança, permitindo-lhes até tirar partido dela para sua vantagem com uma ressalva: Poucas possuem tal ''sorte'', e por mais que convivam com isso, um dia a vida lhes cobra por tudo aquilo que lhe foi dado.

Sempre houve dois tipos fundamentais de mudança:

1. A mudança na continuidade. Este tipo de mudança é gradual ao longo do tempo o que permite, depois de algum estudo e compreensão do seu mecanismo, fazer previsões sobre dela. Um exemplo é aquela que pode ser bem aceita de forma positiva ou negativa e que provoca grande dúvida se realmente é mesmo aquela resposta.

2. A mudança na ruptura. Este tipo de mudança provoca um corte (uma descontinuidade) profundo com o passado o que dificulta (ou impede) qualquer tipo de previsão sobre ela. Neste caso a mudança afeta de uma forma incômoda a todos ou a algumas pessoas além da própria, os efeitos podem variar e talvez exista um forte senso de inaceitação por parte das pessoas.

Se olharmos para a história, vemos que o primeiro tipo de mudança corresponde às fases (normalmente chamadas de "ouro") em que se encontrou um modelo que funcionava bem e em que as "mudanças", normalmente pequenos ajustes imperceptíveis, são graduais. O problema é que, durante estas fases de bonança, a mudança na ruptura já se encontra em gestação, ganhando lentamente força para irromper numa crise tão brusca como violenta, A palavra "crise" tem uma conotação muito negativa em português mas, para os antigos Gregos que a criaram, significava apenas "decisão". Temos que nos soltar de vez da conotação negativa de "crise" para podermos aproveitar plenamente esses momentos que, apesar de difíceis, são os momentos privilegiados para tomarmos decisões (novos rumos?) muito importantes para o futuro da nossa vida. Como vimos, a mudança traz sempre implícita em si um perigo e uma oportunidade: trata-se no fundo e apenas de decidirmos a favor da oportunidade, evitando o perigo.

Efetivamente, os momentos de tranquilidade são os mais perigosos pois, quando tudo parece bem, temos uma tendência inata para baixarmos as defesas e cairmos no desleixo do "tudo vai bem" abrindo assim as portas à mudança de ruptura. "Não é por que as coisas são difíceis que não somos ousados. É por não sermos ousados que as coisas são difíceis".O segundo tipo de mudança corresponde às revoluções, ou seja, às fases em que o modelo anteriormente encontrado ou situação anterior de equilíbrio deixou de conseguir dar uma resposta cabal às novas realidades que entretanto ela mesma tinha gerado e em que houve portanto uma necessidade de ruptura com o "status quo" passado, para se conseguir encontrar uma solução não "prevista" na anterior ordem estabelecida. Trata-se portanto normalmente de uma falha do sistema devida a incúria, porque a falta de soluções é normalmente devida à falta de previsão. É o resultado do relaxamento e da política do "enquanto as coisas forem desse jeito, prefiro não dizer nada" em que todos nós já caímos em determinada altura da nossa vida.

Há também a mudança de ruptura que é derivada de um acontecimento ou acidente totalmente imprevisível. Em relação a este tipo de mudança cuja génese nos foge ao controle só nos resta tentar compreendê-la e agir sobre ela dentro da menor margem de manobra que ela ainda nos deixa. As fases de mudança de ruptura (revoluções) são sempre duras, atribuladas, assustadoras e causam inúmeras vítimas (inadaptados) mas estão também carregadas de oportunidades imensas à espera de alguém que as saiba aproveitar, é nelas que se reinventa o futuro e são elas que nos fazem sair da preguiça e portanto evoluir, tornando-nos pessoas mais maduras e fortes (o mesmo é válido para um país ou mesmo para o mundo inteiro). É com uma dose de sofrimento, dificuldade e adversidade (moderados) que nós crescemos verdadeiramente: toda a gente conhece a figura do filhinho superprotegido da mamãe que por vezes parece idiota porque tem dificuldades para executar algumas coisas básicas da vida. Não é à toa que no Reino Unido os dois partidos políticos que se alternam no poder são os conservadores (os defensores do "status quo", da tradição) e os trabalhistas (os defensores da "revolução", da inovação), cada um adequado a cada um dos tipos de mudança possível e/ou mais desejável em cada momento. A democracia é uma das formas encontradas para que a mudança seja aparentemente sempre contínua no sentido em que se tenta, através de muitas pequenas mudanças na ruptura (possíveis porque há liberdade de expressão e discussão), evitar as acumulações de energia que levam às grandes mudanças na ruptura a que chamamos revoluções.

As mudanças repentinas, mudanças na ruptura ou "ventos da história", são por vezes tão avassaladoras que o mundo depois delas se torna um mundo, completamente novo. Estes "ventos da história" são também os momentos propícios (e por vezes únicos) para se fazerem certas coisas... Esses "ventos" sopram na nossa vida pessoal bem como sopram a nível de um país ou mesmo a nível mundial e, qualquer resistência que os oponha só lhes aumenta a força. Como dizem os chineses: a arvore só não parte com o vento porque se dobra: se resistisse, partiríase. Para tudo na vida há um momento propício para se levar ao pé da letra mudanças (reformas) e para se iniciarem certas aventuras, tal como um barco à vela aproveita os ventos, as correntes e as marés para se fazer ao mar e navegar. É importantíssimo estarmos bem alerta e sabermos interpretar a direção dos "ventos, correntes e marés da história", para aproveitarmos a sua força e o seu impulso para que seja mais facil atingirmos os nossos objetivos. Como diz o provérbio popular: "Deus ajuda a quem se ajuda". Quando sei cai no meio de um rio, por melhores nadadores que sejamos, nunca devemos nadar contra a corrente porque nos cansaremos e acabaremos nos afogando, o truque é sim aproveitar a força da corrente para irmos lentamente aproximando da margem com o mínimo de esforço.

Assim devemos fazer na nossa vida: É tão difícil a uma pessoa com 20 anos não arranjar qualquer emprego como a mesma pessoa já com 50 anos arranjar algum (as pessoas de "50 anos" que continuaram sempre a se atualizar na sua profissão, que assimilaram uma enorme experiência no ramo, conhecendo tudo e todos, tornam-se pelo contrário profissionais extremamente cobiçados e bem pagos. Vai ser no entanto progressivamente mais fácil arranjar emprego aos 50 anos nos países ditos desenvolvidos até porque a taxa de natalidade é cada vez menor e portanto há cada vez menos escolha), teria sido tão difícil a um imperador romano ter abolido a escravatura como a D. Pedro II, imperador do Brasil do século XIX, ter resistido à sua abolição. Há momentos certos para tudo, fora dos quais tudo se torna mais difícil pois rumamos contra a maré da vida: há uma idade certa para termos filhos, uma idade certa para nos tornarmos independentes dos nossos pais, uma idade certa para nos impormos profissionalmente, etc... Cada uma destas "idades" varia de pessoa para pessoa, mas cada um tem as suas próprias que no fundo conhece muito bem. Há também "ventos súbitos" na nossa vida, que chamamos de oportunidades (únicas ou não), que temos que agarrar ou largar em tempos brevíssimos: Aproveitar as que podem mudar a nossa vida para melhor e rejeitar as outras reside um dos maiores segredos para se conseguir uma vida. Temos que nos preparar portanto muito bem para ser capazes de ler e prever os "ventos" das nossas histórias pessoais e da história do mundo (que estas estão ligadas) para que, quando esses "ventos súbitos" (e cada vez mais imprevisíveis e mesmo inexplicáveis) soprem, não percamos aqueles que nos podem dar um grande impulso na nossa "viagem" e, pelo contrário, rejeitemos prontamente aqueles que nos podem fazer atrasar ou mesmo "naufragar". O problema é que, com a crescente complexidade e rapidez do mundo, os ventos da história (ou devo dizer "os ventos da mudança") sopram por sua vez de maneira cada vez mais forte e imprevisível, em rajadas capazes de fazer desmoronar os "edifícios" que demoramos uma vida para erguer. Isso leva a que seja cada vez mais difícil a tarefa de prever a direção "desses ventos" e logo fazer as escolhas certas. Para isso temos que compreender, da forma mais próxima da realidade possível, para onde estamos indor, para onde queremos ir e para onde vai o mundo: Em toda a sua complexidade. Uma das nossas maiores qualidades que podemos portanto ter é sermos curiosos.

Todas as sociedades (tal como as pessoas) buscam o equilíbrio de maneira oscilante (tal como o equilibrista no arame, que oscila para um lado e para o outro para poder manter-se equilibrado) e tendem para a evolução na continuidade por esta ser muito menos traumática que a "mudança na ruptura" (revolução). Tentam-no tanto que por vezes se cristalizam em modelos anacrónicos incapazes de dar resposta às necessidades das pessoas. Tudo isto é igualmente verdade quando falamos de nós enquanto indivíduos. Na nossa ânsia por "estabilidade" somos muito tentados a ver o mundo de forma estática ou mesmo "cristalizada". Ou somos conservadores ferrenhos ou "progressistas" igualmente fanáticos em todas as situações, quaisquer que elas sejam: discutimos as coisas com base em teorias e lugares comuns que nos impregnaram e sobre os quais pouco ou nada refletimos em relação a esse caso particular. São "receitas" que tentamos aplicar a toda e qualquer situação e que estamos dispostos a defender até à exaustão não só por pura teimosia mas, principalmente, para que toda a visão que temos do mundo não caia por terra.

Cada um de nós constrói uma espécie de "mapa" mental da realidade, que ajuda a interpretar o mundo em que vivemos. Esse "microcosmos" nunca corresponde à realidade ("macrocosmos") visto que é impossível a qualquer ser humano entender toda a enorme complexidade do mundo. O que sim há é "microcosmos" mais aproximados ao "macrocosmos" e outros menos (para não falar dos que estão tão divorciados da realidade que são considerados "patológicos"). Será dizer que quanto mais este "mapa" se aproximar da realidade, quanto mais menos memorizado for, mais fácil será evitarmos as escolhas da vida e melhor poderemos aproveitar as oportunidades que a vida nos oferece. Cada mudança dá-nos a possibilidade de "preencher" inteiras zonas do "mapa" que ainda estavam em branco e de corrigir os muitos erros (muitas vezes grosseiros) do "mapa" existente. Se assim procedermos durante a nossa vida, podemos ter a esperança de virmos um dia a ter um bom "mapa", é por isso que as pessoas sábias têm sempre uma certa idade, a tarefa é dura e demorada. Esta é a visão de conjunto que nos permite tomar as decisões estratégias da nossa vida. Porém, ela age também sobre o nosso dia-a-dia, ensinando-nos a viver melhor, sem desejos em vão de glória ou de tantas coisas que verdadeiramente não necessitamos, sem competições com os outros. Por isto devemos refletir muito bem e tentar compreender a mudança em toda a sua amplitude. Depois devemos recebê-la decididamente de braços abertos mas que por um certo tempo ficarão cruzados até decidirem se abrir.

Como diz o provérbio: "Pensar devagar. Agir com rapidez''.

09/04/2007

Culpa

Por detrás de nossas tristezas e frustrações, de nossas insatisfações na vida, de nossos tédios e angústia, está um sentimento, o mais pesado em nosso comportamento e responsável por grandes sofrimentos psicológicos, que é o Sentimento de Culpa. O sentimento de culpa é o apego ao passado, é uma tristeza por alguém não ter sido como deveria ter sido, é uma tristeza por ter cometido algum erro que não deveria ter cometido. O núcleo do sentimento de culpa são estas palavras: "Não deveria...". A Culpa é a frustração pela distância entre o que nós fomos e a imagem de como nós deveríamos ter sido. Nela consiste a base para a auto-tortura. Na culpa, dividimo-nos em duas pessoas: uma real, má, errada, ruim e uma ideal, boa, certa e que tortura a outra. Dentro de nós processa-se um julgamento em que o Eu ideal, imaginário, é o Juiz e o Eu real, concreto, humano, é o Réu. O Eu ideal sempre faz exigências impossíveis e perfeccionistas. Assim, quando estamos atorment ados pelo perfeccionismo, estamos absolutamente sem saída. Como o pensamento nos exige algo impossível, nunca o nosso Eu real poderá atendê-lo. Este é um ponto fundamental. Muitas pessoas dedicam a sua vida a tentar realizar a concepção do que elas devem ser, em vez de se realizarem a si mesmas.

A diferença entre auto-realização e realização da imagem de como deveríamos ser é muito mais importante. A maioria das pessoas vive apenas em função da sua Imagem Real e este é um instrumento fenomenal para se fazer o jogo preferido do neurótico: a auto-tortura, o auto aborrecimento, o auto-castigo, a autopunição, a culpa. Quanto maior for a expectativa a nosso respeito, quanto maior for o modelo perfeccionista de como deve ser a nossa vida, maior será o nosso sentimento de Culpa. A culpa é a tristeza por não sermos perfeitos, é a tristeza por não sermos Deus, por não sermos infalíveis; é um profundo sentimento de orgulho e onipotência; é uma incapacidade de lidar com o erro, com a imperfeição; é um desejo frustrado; é o contato direto com a realidade humana, em contraste com as suas intenções perfeccionistas, com os seus pensamentos megalomaníacos a respeito de si mesmo. E o mais grave é que aprendemos o sentimento de culpa como virtude. A culpa sempre se esconde atrás da máscara do auto-aperfeiçoamento como garantia de mudança e nunca dá certo. Os erros dos quais nos culpamos são aqueles que menos corrigimos. A lista de nossos "pecados" no confessionário é sempre a mesma. A Culpa, longe de nos proporcionar incentivo ao crescimento, faz-nos gastar as energias numa lamentação interior por aquilo que já ocorreu, ao invés de as gastarmos em novas coisas, novas ações e novos comportamentos. Por isto mesmo, em todas as linhas terapêuticas, este é um sentimento considerado doentio. Não existe nenhuma linha de tratamento psicológico que não esteja interessado em tirar dos seus pacientes o sentimento de culpa.

A culpa é um auto-desprezo, um auto-desrespeito pela natureza humana, nos seus limites e na sua fragilidade. A culpa é uma vingança de nós mesmos por não termos atendido a expectativa de alguém a nosso respeito, seja esta expectativa clara e explícita, ou seja uma expectativa interiorizada no decorrer da nossa vida. Por isto é que se diz que, ao nos sentirmos culpados, estamos alienados de nós mesmos e a nossa recriminação interna não é, nem mais nem menos, do que vozes recriminatórias dos nossos pais, nossas mães, nossos mestres ou outras pessoas ainda dentro de nós. Mas aquilo que nos leva a esse sentimento de culpa, aquilo que alimenta esta nossa doença autodestrutiva são algumas crenças falsas. Trabalhar o sentimento de culpa é, primordialmente, descobrir as convicções falsas que existem em nós, aquelas verdades em que cremos que são errôneas e nos levam a este sentimento. A primeira delas é a crença na possibilidade da perfeição. Quem acredita que é possível ser perfeito, quem acha que está no mundo para ser perfeito, quem acha que deve procurar na sua vida a perfeição, viverá necessariamente atormentado pelo sentimento de culpa. A expectativa perfeccionista da vida é um produto da nossa fantasia, é um conceito alienado de que é possível não errar, que é possível viver sem cometer erros.

Quanto maior for a discrepância entre a realidade objetiva e as nossas fantasias, entre aquilo que podemos nos tornar através do nosso verdadeiro potencial e os conceitos idealistas impostos, tanto maior será o nosso esforço na vida e maior a nossa frustração. Respondendo a esta crença opressora da perfeição, atuamos num papel que não tem fundamento real nas nossas necessidades. Nós nos tornamos falsos, evitamos encarar de frente as nossas limitações e desempenhamos papéis sem base em nossa capacidade. Construímos um inimigo dentro de nós, que é o ideal imaginário de como deveríamos ser e não de como realmente somos. Respondendo a um ideal de perfeição, nós desenvolvemos uma fachada falsa para manipular e impressionar os outros. É muito comum, no relacionamento entre duas pessoas, não estarem amando um ao outro e, sim, amando a imagem de perfeição que cada um espera do outro. É claro que nenhum dos dois consegue corresponder a esta expectativa irreal e a frustração mútua de não encontrar a perfeição gera tensões e hostilidades, e um jogo mútuo de culpa. Esta situação se aplica a todas as relações onde as pessoas acreditam que amar o outro é ser perfeito. Quando voltamos para nós exigências perfeccionistas, dividimo-nos neuroticamente para atender ao irreal. Embora as pessoas acreditem que errar é humano, elas simplesmente não acreditam que são humanas. Embora digam que a perfeição não existe, continuam a se torturar e a se punir e continuam a torturar e a punir os outros por não corresponderem a um ideal perfeccionista do qual não querem abrir mão.

Outra crença que nos leva à Culpa, esta talvez mais sutil, mais encoberta e profunda em nossa vida é acreditarmos que há uma relação necessária entre o Erro e a Culpa. É a vinculação automática entre erro e culpa. Quase todas as pessoas a quem temos perguntado de onde vêm os seus sentimentos de culpa nos respondem taxativamente que vêm de seus erros. Acreditamos que a culpa é uma decorrência natural do erro, que não pode, de maneira alguma, haver erro sem haver culpa. Se acreditamos nisto, estamos num problema insolúvel. Ou vamos passar a vida inteira tentando não errar para não sentirmos culpa e isto é impossível porque sempre haverá erros em nossa vida ou então passaremos a vida inteira nos sentindo culpados porque sempre erramos. Essa vinculação causal entre erro e culpa é profundamente falsa. A culpa não decorre do erro, mas da maneira como nos colocamos diante do erro; vem do nosso conceito relativo ao erro, vem da nossa raiva por termos errado. Uma coisa é o erro, outra coisa é a culpa; erros são erros, culpa é culpa. São duas coisas distintas, separadas, e que nós unimos de má fé, a fim de não deixarmos saída para o nosso sentimento de culpa. O erro é o modo de se fazer algo diferente, fora de algum padrão.

O que é chamado erro é a saída fora de um modelo determinado, que pode ser errado hoje e não amanhã, pode ser errado num país e não ser errado em outro. A culpa é um sentimento, vem de nós, vem da crença de que é errado errar, que não podemos errar, que devemos ser castigados pelas faltas cometidas; crença de que a cada erro deve corresponder necessariamente um castigo, de que a cada falta deve corresponder uma punição. Aliás, o sentimento de culpa é a punição que damos a nós mesmos pelo erro cometido. Não é possível não errar, o erro é inerente à natureza humana, ele é necessário a nossa vida. Na perfeição humana está incluída a imperfeição. Só crescemos através do erro. As pessoas confundem assumir o erro com sentir culpa. Assumir o erro é aceitar que erramos, é nos responsabilizarmos pelo que fizemos ou deixamos de fazer. Mas quando acreditamos que a culpa decorre do nosso erro, tentamos imputar a outros a responsabilidade dos nossos erros, numa tentativa infrutífera de acabar com a nossa culpa. ''O perfeccionismo é uma morte lenta. Se tudo se cumprisse à risca, como eu gostaria, exatamente como planejara, jamais experimentaria algo novo, minha vida seria um repetição infinda de sucessos já vividos. Quando cometo um erro vivo algo inesperado. Algumas vezes reajo ao cometer erros como se tivesse traído a mim mesmo. O medo de cometer erros parece fundamentar-se na recôndita presunção de que sou potencialmente perfeito e de que, se for muito cuidadoso, não perderei o céu. Contudo, o erro é uma demonstração de como eu sou, é um solavanco no caminho que tracei, um lembrete de que não estou lidando com os fatos. Quando der ouvidos aos meus erros, ao invés de me lamentar por dentro, terei crescido". Este é o texto tirado de um livro que li.

Algumas pessoas perguntam: "Mas como avançar em relação a este sentimento, como arrancar de mim este hábito de me deprimir com os erros cometidos?". Só existe uma saída para o sentimento de culpa. Façamos uma fantasia: Imaginemos por um instante que estamos à morte e nossos sentimentos deste momento são de angústia, tristeza e frustração por todos os erros cometidos, por tudo o que deveríamos ter feito e não fizemos; remorsos pelos nossos fracassos como pai, como mãe, como profissional, como esposo, como esposa, como religioso, como cidadão, mas, ao mesmo tempo, estamos com um profundo desejo de morrer em paz, de sair desse processo íntimo de angústia e morrer tranquilos. Qual a única palavra que, se pronunciada neste momento, sentida com todo coração, teria o poder de transformar a nossa dor em alegria, o nosso conflito em harmonia, a nossa tristeza em felicidade? Somente uma palavra tem essa magia. A palavra é: Perdão. O Perdão é uma palavra perdida em nossa vida. O primeiro sentimento que se perde no caminho da loucura é o sentimento de perdão, o sentimento de Auto-Perdão. Se a culpa é a vergonha da queda, o auto-perdão é o elo entre a queda e o levantar de novo. O auto-perdão é o recomeço da brincadeira depois do tombo: "Eu me perdôo pelos erros cometidos, eu me perdôo por não ser perfeito, eu me perdôo pela minha natureza humana, eu me perdôo pelas minhas limitações, eu me perdôo por não ser onipotente, por não ser onipresente, por não ser onisciente, eu me perdôo por...". O perdão é sempre assim mesmo, é pessoal e intransferível.

O perdão aos outros é apenas um modo de dizermos aos outros que já nos perdoamos. Perdoarmo-nos é restabelecer a nossa própria unidade, a nossa inteireza diante da vida, é unir outra vez o que a culpa dividiu, é uma aceitação integral daquilo que já aconteceu, daquilo que já passou, daquilo que já não tem jeito; é o encontro corajoso e amoroso com a realidade. Somente aqueles que desenvolveram a capacidade de auto-perdão conseguem energia para uma vida psicológica sadia. A criança faz isto muito bem. O perdão é a própria aceitação da vida do jeito que ela é, nos altos e nos baixos. O auto-perdão é a capacidade de dizer adeus ao passado, é a aceitação de que o passado é uma fantasia, é apenas saber perder o que já está perdido. O auto-perdão é um sim à vida que nos rodeia agora, é uma adesão ao presente, à única coisa viva que possuímos, que são nossas possibilidades neste momento. Não podemos abraçar o presente, a vida, o passado e a morte ao mesmo tempo. O perdão é uma opção para a vida, o auto-perdão é a paciência diante da escuridão, é o vislumbre da aurora no final da noite. O auto-perdão é o sacudir da poeira, é a renovação da autoestima e da alegria de viver, é o agradecimento por sabermos que mais importante do que termos cometido um erro é estarmos vivos, é estarmos presentes.

O Perfeccionismo é uma maldição e uma prisão. Quanto mais você treme, mais erra o alvo. temos medo de erros, mas erros não são pecados, erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez criativamente nova. Não devemos nos aborrecer pelos nossos erros. Ao menos eles significam que tivemos a coragem de dar algo de si.

08/04/2007

Um dia você aprende:

''Depois de um tempo você aprende a diferença, a
sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma
alma".

E você aprende que amar não significa apoiar-se, e
que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e
que presentes não são promessas.

E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça
erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e
não coma tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no
hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para
os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao
vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se
ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe,
algumas pessoas simplesmente não se importam... E
aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela
vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la
por isso.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança
e apenas segundos para destruí-la, e que você pode
fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá
pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a
crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não
é o que você tem na vida, mas quem você tem da vida. E
que bons amigos são a família que nos permitiram
escolher.

Aprende que não tens que mudar de amigos se
compreendermos que os amigos mudam; percebe que seu
melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou
nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se
importa na vida são tomadas de você muito depressa por
isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com
palavras amorosas, pode ser a última vez que a
veremos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm
influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por
nós mesmos.

Começa a aprender que não se deve comparar com os
outros, mas com o melhor que se pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a
pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde chegou, mas onde está
indo, mas se você não sabe para onde está indo,
qualquer lugar serve.

Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o
controlarão, e que ser flexível não significa ser
fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão
delicada e frágil seja a situação, sempre existem dois lados

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que
era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera
que o chute quando você cai, é uma das poucas que o
ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos
de experiência que se teve e o que você aprendeu com
elas, do que quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que
você supunha.

Aprende que nuca se deve dizer a uma criança que
sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes
e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de
estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser
cruel.

Descobre que nem sempre é suficiente ser perdoado
por alguém, algumas vezes você tem que aprender a
perdoar-se a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga,
você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu
coração foi partido, o mundo não pára para que você o
conserte.

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar
para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua
alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar... que
realmente é forte, e que pode ir muito mais longe
depois de pensar que não se pode mais. E que realmente
a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! "

"Nossas dádivas são traidoras e nos fazem perder
o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o
medo de tentar.''

William Shakespeare


Como algo que foi escrito a séculos atrás ainda consegue ser tão realista e atual aos dias e a realidade de hoje não acham?

03/04/2007

Desilusão dentro de uma ilusão

Este é um fenômeno exclusivamente humano, desilusão, ato de desiludir-se, desenganar-se, o que pressupõe que nos enganamos sobre algo ou alguém, que em um momento qualquer, acreditamos.

Por mais doloroso que possa ser vivenciar a desilusão, o processo anterior de nos iludirmos é parte da construção de nossa capacidade de suportar perdas, e de criar mecanismos que nos sustentem para enfrentá-la. Precocemente, "iludimos" os bebês com o bico, a mamadeira, para que, quando a mãe não possa mais amamentá-lo, ele tolere a perda do seio, da sua presença e de seu olhar constante. Mais tarde, acrescentamos ao berço, bichinhos de pelúcia, travesseirinhos com o cheiro materno, proporcionando a ilusória presença materna. Muitas crianças, carregam estes objetos simbólicos que lhes dão segurança e proteção, de certa forma mágicos, por toda a infância, adolescência e, alguns os guardam até a vida adulta.

São chamados objetos transicionais, que incluem parte de nossa fantasia vinculada a realidade, ou seja, nos dão um caminho sólido para que possamos suportar a realidade da perda de nossos objetos mais amados. É um processo de matriz, para enfrentarmos todas as demais ilusões e desilusões que a vida nos reserva no desafio do crescimento e desenvolvimento humano. Quando adultos e nos apaixonamos por alguém, um manancial de ilusões, esperanças e expectativas toma conta de nossa vida. Tantas vezes, se desiludidos, nos sentimos como bebês a procura do ursinho que vai nos consolar, acolher nossas lágrimas, acalmar nossa magoada e sufocada respiração. Se temos uma base forte, sobreviveremos. A confiança básica se manterá sólida, nos dará forças e coragem para buscar novas ilusões, fantasias, cada vez mais viáveis e realizáveis. É a aprendizagem pela dor vivenciada, a desilusão experimentada, sofrida mas que nos fortalece. Esta confiança básica forte, nos permite arriscar, ousar, ir além da mesmice dos medíocres aos quais falta coragem para agir com audácia , temem e fogem do amar pelo simples fato de não sobreviver a uma possível desilusão.

Falo do amar amplo, amigos, colegas, família, pessoas importantes que nos marcaram , e no trajeto de nossa história abandonamos ou fomos abandonados, porque nos desiludimos, porque mudaram mais do que somos capazes de suportar com nosso desejo egoísta , de que todos permaneçam do jeito que nos faz bem, que nos sentimos mais fortes. Quantas desilusões já tive, quanta dor profunda em minha alma machucada, o desfazer de cada uma delas me fez chorar de dor, decepção, como se nunca mais um pudesse resgatar um outro amor dentro de mim. Eram pessoas que eu amava tanto, admirava tanto, heróis de gente grande, eram parte de meu ser, armas de sobrevivência ganhas por merecimento de um convívio saudável e amoroso. Como eu investi. Nestas pessoas, na ilusão iluminada que cada uma me ofereceu em todos os momentos que de mãos dadas sorrimos, ou abraçadas, me senti acolhido e protegido da dor. Tempos atrás, eu tinha uma galáxia de estrelas ao meu redor, era ingênuo e cego por acreditar que aquilo era perfeito demais, confiante, não havia malícia, todos me pareciam repletos de um sincero afeto por mim, me passavam uma energia celestial, que me impulsionava para o alto, eu confiava de forma profunda e cegamente.

E havia também o grande astro Sol, o maior e mais iluminado amor deste infinito espaço que é um coração apaixonado. Era minha luz de todos os caminhos, espectro convergente de todas os meus desejos e atenções. Energia eletromagnética que me mantinha extasiado em sua órbita , que eu acompanhava incansável e fascinado todos os movimentos, imantadamente atento a todos os seus desejos. Pouco a pouco, os desafios que a vida nos exige, faz com que tenhamos de enfrentar a verdade, abandonar a ingenuidade, não nos dá mais a possibilidade de enganarmos-no com ursinhos, fantasias e expectativas inviáveis. Existe espaço para uma única coisa, a desilusão que denuncia a necessária verdade. Sem ela não há crescimento ou amadurecimento. Viver só na fantasia,é um passo para a loucura. É uma ilusão dentro da ilusão.

Por toda esta vida, nos desiludimos com as estrelas que criamos a nossa volta para amar, com o Sol que escolhemos para adorar, quando chegamos no final desse caminho, mudamos, talvez para pior quem sabe, ou melhor, não sei dizer direito, apenas sei que nos transforma, nos faz ser outro alguém, dê uma coisa eu sei: Nos marca para sempre. Desilusão é uma parte integrante do meu dia a dia. Em suma a família é aquela que em principio estará lá sempre e nunca nos desiludirá, mas essa é uma certeza ou uma sensação que já não tenho. Tenho a certeza que não há elemento da minha esfera de conhecimento que não me tenha, por maior ou menor que seja a razão, desiludido. As pessoas não são aquilo que esperamos delas, são o que são e teremos, se quisermos, de gostar delas tal e qual como são, como aprenderam a ser ou como a vida fez com que elas fossem.

Li uma vez que as pessoas nunca mudam verdadeiramente, podem adaptar-se e moldar-se à vida e ao mundo mas no fundo são aquelas mesmas pessoas que sempre foram! Será que é pecado esperar das pessoas, esperar atitudes, sentimentos, considerações? Ou o único inconveniente é mesmo só nosso, já que é certo que essas mesmas pessoas não irão com certeza agir como esperamos que elas ajam! Será que para diminuir a desilusão que sentimos dependemos apenas de nós e da visão que temos do mundo e das pessoas, as vezes é uma visão um pouco romântica e demasiado cinematográfica?! Devemos vê-las apenas como aquilo que realmente são e não aquilo que queremos que elas sejam? A imagem de pessoas perfeitas tem que acabar, não existe perfeição como um todo, apenas um visão particular de perfeição que pode ser a nossa mas não a da pessoa que esta ao nosso lado. Somos diferentes e, ou nos respeitamos nessa mesma diferença, ou então o mundo e as relações não valem a pena. Aprender conosco e aprender com os outros. Que a nossa perfeição seja parte da perfeição dos outros e que a dos outros venham como mais valia para nós e nos faça sermos melhores como pessoas e seres humanos.

Aprender a respeitar a diferença, aquilo que não é o que acreditamos mas é na realidade o que outros acreditam. Crescer é uma parte fundamental do ser humano, ter a capacidade de pensar e de com esse pensamento evoluir. Ás vezes é preciso cair mil vezes, só para que se tenha a noção que se pode e se consegue 'levantar' e, mesmo com o orgulho ferido, levantar a cabeça devagar e caminhar com esperança no futuro porque no fim de tudo a queda não foi apenas uma queda, foi apenas mais um degrau que se subiu nesta grande escada que é a vida. Não me considerem intelecutal demais nem com a mania que tem uma veia poética, me vejam apenas como alguém de rapariga de 26 anos que tem duvidas sobre a vida, sobre as relações humanas mas que no fundo gosta mesmo de parar para pensar e tentar entender aquilo que não entende, mesmo que isso se venha a revelar uma mágoa. É apenas isso. Arrependimento e remorso São duas coisas diferentes, nesse círculo de coisas tristes, estas duas palabras habitam esse universo de forma modesta, o arrependimento chega com os anos e costuma chegar muito tarde, só quando há muito "gostar", a situação se torna á favor daquele que machuca e tudo segue seu ciclo, a amizade volta, o amor volta.

Em contrapartida, o arrependimento também vêm com o tempo, por mais que a pessoa invista num modo de consertar seus erros a situação muda mas não muda tanto. São dois estranhos vivendo uma coisa totalmente nova porque o lado que magoou tenta retroceder voltando atrás pensando que tudo o que foi vivido ainda é conservado. Na verdade é conservado mas a dor causada pelo mágoa muda qualquer ser humano. Ninguém volta a ser aquele que já foi um dia, e sabe o mais trágico disso? Por culpa de pessoas que sequer merecem ter cruzado nosso caminho, além de nos machucarem, ainda nos deixam uma lembrança gravada dentro do nosso Hd cerebral. Que infelizmente não se apaga, a menos que a felicidade apareça de forma permanente, mas como ser feliz é um luxo pra poucos nesse mundo, então a vida segue seu curso dessa forma.

02/04/2007

O longo caminho da escuridão e da angústia

Ninguém nunca imagina como estamos ou somos por dentro, raramente alguém nos vê chorar ou sabe pelo que passamos. comigo é diferente, sempre que estou mal eu grito em silêncio e choro sem derramar uma lágrima e só assim vou ouvindo o silêncio com o grito mais forte que eu poderia ter dado. Não derramei lágrima alguma porque não havia mais o que derramar o grito se transformou em dor e as lágrimas viraram sangue, a dor que eu senti, não sinto mais ela. Agora te persegue ficou marcada em sua mente, corrompeu a sua alma e as lágrimas saltaram de meus olhos, jorraram em seu corpo e mancharam a sua pele, e em mim elas estão secas. Já posso dormir em paz mas você, sempre que fechar os olhos, irá ver o meu rosto algumas vezes, e então abrirei um sorriso, porque eu estou no paraíso particular, aonde a dor é controlada e você está no inferno mental, aprisionado para sempre pelos seus pecados.

Fui encontrar na escuridão, o que a luz não pôde me oferecer, fui buscar nos meus sonhos, o que a realidade não pôde me dar. À procura de verdades que "pudessem abrir meus olhos", me deparei com a "vida", cheia de angústias e desilusões, uma fachada de mentiras, deslumbrante, sedutora à primeira vista, hermética em sua essência. Talvez tudo fosse mais simples se eu nunca tivesse saído do meu limitado "mundinho", se eu não tivesse despertado, se não tivessem me arremessado em um buraco obscuro, enorme e assustador. Este é o preço que eu pago pela minha liberdade, liberdade esta que eu não escolhi. Viver na incerteza de uma certeza. Na inexistência de uma existência concreta e plausível. Dizem que o fim justifica o meio mas que fim terei? a morte? É este o fim que irá justificar os sofrimentos decorrentes de uma luta que nada mais é do que uma questão de sobrevivência? é talvez tenham razão, morrer pode ser a melhor saída para o meu medo de ter que aceitar a solidão e o vazio das contingências da vida.

Eu queria chorar mas me dizem que homem não chora. Eu queria amar mas não tenho mais coragem de tentar, queria ter motivos pra estar feliz hoje, mas algo me impede, o que é esse sentimento ruim que me consome cada vez mais. Será saudade? Será carência? Eu devia ser feliz de alguma maneira, porque os outros podem e eu não? Não sei mais o que é estar triste pois já me acostumei, afinal, é o que dizem, e menos ainda consigo chorar. Não quero mais ficar triste por nada, nem por ninguém, porém ás vezes não consigo evitar, não quero que alguém pense que se deu bem me vendo chorar mas afinal homem não chora, então não vou me preocupar Na verdade, eu não me importo se tiver que chorar eu choro afinal homem chora chora tanto quanto qualquer mulher. Porque eu estou falando isso talvez seja depressão. E nessa um imbecil vazio e diz que depressão é coisa de mulher homem não tem dessas coisas é frescura. Homem é forte, homem têm que aguentar tudo, sem reclamar. Afinal, quem foi o idiota que disse isso? Homem chora, homem fica triste, homem ama, homem tem suas carências. Não se deve ser um covarde. Seja homem e assuma isso. Assuma que você precisa chorar e precisa de alguém pra secar suas lágrimas.

Ser e estar consciente não é simplesmente permanecer em vigilia, pensando e agindo. É além disso, raciocinar sobre o que se pensa e medir suas ações. É saber o que falar, quando falar, e não, inconvenientemente expelir palavras nocivas que possam afetar o indivíduo alheio e até mesmo o seu próprio ego. Sentimentos e emoções são substratos extremamente importantes para que os seres humanos obtenham uma reciprocidade de favores via mente/corpo e vice-versa. É mais do que provado que as emoções interferem indubitavelmente no comportamente do individuo, nao obstante é fundamental que se esteja bem consigo mesmo e com o mundo ao seu redor para que você possa sobressair-se individualmente e socialmente. Estando emocionalmente desequilibrado o ser humano não é capaz de estar motivado para viver, aprender, amar e raciocinar.

É o que acontece quando os sentimentos/emoções se confudem e se esvairam. Sua mente fica obscura, melancólica e seu corpo responde mal aos comandos emitidos pelo cérebro, causando muitas doenças aparentemente inexplicáveis mas que a origem de tudo é tão vísivel quanto parece. Você acaba ocasionalmente e consequentemente entrando em um túnel sem fim de angústia e depressão profunda. Aja racionalmente sobre os seus pensamentos, pórem não se deixe levar apenas por isso. Saiba ser "Racional" e "Emocional" ao mesmo tempo. Pense bem nos seus objetivos. Não deixe que palavras fúteis o aflijam e meça também as suas palavras antes de se expressar. Viva a vida como se ela fosse infinita e não tenha medo de esquecer o passado em busca de uma nova realidade.

Estou andando de encontro à morte, com passos lentos e pesados vou me arrastando pelas paredes deixando para trás rastros do passado, esquecendo tudo o que eu conquistei, tudo o que eu sofri para estar onde cheguei isso já não me é importante eu tive tudo na vida, menos o que eu mais queria cada degrau parece me dizer alguma coisa talvez "Não faça isso " ou quem sabe " Vá em frente, você não merece ficar sofrendo, acabe com sua dor ". Não dou ouvidos a ninguem, não quero conselhos agora, quero tomar essa decisão por mim mesmo, Meu mundo é uma desilusão, todos os meus planos, todos os meus sonhos se apagam aos poucos, como uma vela queimando lentamente sofrendo cada vez mais. Meus olhos se abrem e se fecham rapidamente, escorre uma lágrima. Estou quase chegando minhas pernas estão trêmulas, não sei se isso é certo por um instante penso em voltar.

Não sigo em frente entro sem ser notado. Está cada vez mais escuro, esse não sou eu o que eu estou fazendo. Porque você teve que fazer isso, me diga. Cá estou novamente, doente, com essas idéias lunáticas em minha mente, cada vez mais louco, cada vez mais estranho. Quase não tenho controle sobre o que faço. Ajo como se nada importasse. A raiva passa, o ódio desaparece, mas está prestes a voltar com maior intensidade, mas não é ódio, ele se torna outra coisa bem pior, algo chamado Mágoa. Algo que te deixa frio, seco, sem sentir dor alguma é como se fosse morfina, alivia a dor por um tempo, mas depois essa tranquilidade de não sentir desaparece e a angústia retorna, te machucando, te fazendo sentir de novo aquela dor intensa. Vai ficando mais apertado um pouco de remorso talvez nuvens escuras surgem sobre sua cabeça uma escuridão se impõe lenta e friamente o que eu deveria ter feito? Me diga? Eu fiz o que achei que era certo.