19/06/2007

O verdadeiro sentido de existir

Não se gosta de pensar na morte (e pouco se pensa sobre ela), mesmo que se saiba que ela é inevitável. As pessoas não pensam na morte e, quando levadas a fazê-lo, demonstram uma certa resistência como se ela, a morte, fosse algo distante, ainda que certo. Embora médicos, psicólogos, teólogos e teóricos tentem definir e explicar o assunto, ele ainda se constitui num acontecimento ruim, num medo universal, mesmo sabendo-se que é possível dominar a morte e a doença em vários níveis. Porque ela (a morte) é a única coisa absolutamente certa que se tem na vida. E só o que é possível alterar é o nosso modo de convivência com ela e com o morrer de nossos parentes, amigos e conhecidos. Todo homem só será capaz de mudar as coisas, quando começar a refletir sobre a própria morte, o que não pode ser feito a nível de massa, o que não pode ser feito por computadores, mas sim, deve ser feito por todo ser humano, individualmente, através da comunicação. A doença exige esforço e muita dedicação. A doença é encarada como uma coisa muito triste, talvez até mais triste que a própria morte. Necessita-se de muita coragem para poder ajudar a pessoa doente, para passar positivismo, para formar uma corrente de fé. A doença é uma realidade individual, única e social. Além disso, ela vai sendo construída no contexto e na vivência. Num primeiro momento, a doença é realmente individual ("sou eu quem está doente"); mas em seguida, se torna comunitária, pois envolve parentes, amigos e conhecidos, enfim, todos os que de alguma forma lidam com o doente, e, entristecidos, precisam de muita força para apoiar a pessoa enferma, passando-lhe tranqüilidade, a fim de que o tratamento possa surtir o efeito esperado.

A morte representa separação, medo, perda, tristeza, alívio, necessidade, fim. Mas há pouca preparação para ela, quase que só dos idosos, ainda que os comportamentos se modifiquem ao se tomar real consciência dela. A morte tem uma significação identificada com mudanças de sentimentos e de atitudes comportamentais, sugerindo que, ao se ter certeza dela, fazer dela tudo aquilo que ainda não se fez. Aproveitar a vida. Parece um disparate, uma vez que ela é a certeza mais certa que temos. É interessante a divergência entre os jovens e os idosos: os primeiros tentam não pensar no acontecimento, enquanto que os segundos procuram, principalmente, preparar-se sempre para ele. Perde-se amigos, parentes, familiares, pessoas muito queridas, mas nunca a gente se acostuma com tais perdas. O sofrimento cresce na razão inversa e direta da afetividade. Pensa-se que ela só bate na porta dos outros, nunca na nossa, até que sejamos atingidos em cheio por ela. Contudo, morremos a cada dia, hora, minuto, segundo, depois que estamos aqui. A morte é, na sua essência, romântica, pois sua certeza faz com que tentemos viver da melhor forma possível. E na maioria das vezes porque não dizer que não vivemos?

Uma hora você diz: Acabou. O que sequer devia ter início teve um fim. Não o fim que eu quis. Não quis o fim. Nunca o desejei, não imaginava ser possível mas foi, sempre é e terminou. Toda a beleza e alegria, todo aquele bem estar por estar junto. De querer o mesmo, e lutar por isso. Dos planos exaltados à eternidade mentiras involuntárias, devaneios de quem considera e perdidos na memória turva de quem não quer lembrar. E sabe que jamais esquecerá. Todo mundo só quer saber de si e sair passando por cima de tudo. A mente das pessoas é assim: "Sou feliz encontrei a felicidade com quem amo, nada mais importa". "Tenho meus amigos fiéis que se importam comigo e que os amo, as outras pessoas que se danem porque o que me importa é quem esta perto de mim". Ou estou enganado? Vão dizer que sim, mas isso é real é a vida e vai ser sempre assim enquanto as pessoas forem fracas ou ficarem assumindo uma lealdade que elas nunca vão pode cumprir por totalidade

Cansados do mundo, cansados das pessoas, cansados de tudo. Não há para onde fugir ou se esconder. Qual seria o remédio? Algum ser humano consegue obter a cura pra todas as suas frustrações através da morte? Angústias são cansativas, além de todas as outras coisas que somos obrigados a aturar. Não consigo ser tão otimista quanto algumas pessoas são, em dizer que tudo muda, sim muda, mas muda pra elas e pra você? O quanto te fazem se sentir parte de nada? Quantas vezes nos sentimos inúteis e dizemos que não fazemos a diferença na vida de ninguém? As pessoas não precisam tanto da gente assim, ao menor sinal de felicidade o resto é resto. Concorda? Se não concorda o problema é seu porque é verdade.. É por essas e muitas outras que o desejo de morte ronda, ou aquela ponta suicída e porque isso? As pessoas se cansam de tanta falsidade, tantos erros e nada de mudanças, quando se dão conta acham que o melhor é desistir. Há diferenças entre querer morrer e pensar em morrer. Alguns dizem que que farão e são covardes pois anunciam. Outros nada dizem e simplesmente dão um fim sem aviso prévio. Ainda há os que falam que fariam e fazem. O que dizer? E quem pensa em morrer simplesmente alimenta a idéia por anos a fio, até que um dia a mente cansada resolve atender ao desejo. Só podemos pensar: Será que me entendiam ou me entendem de verdade? No fim de toda história só existe um mesmo final: Todos nós caímos.

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